22 de abr de 2025
Enxerguei uns olhos e de repente percebi a inutilidade de minha existência. Meu corpo não possui serventia. Minhas mãos são inúteis, meus pés são inúteis. Minha boca é inútil. As palavras que escapam meus lábios não são senão fragmentos da fé em uma talvez-existência de sentido que habita as eventualidades da existência. Sou vazia de propósito. Sou caco de areia: inútil. Sou a praia: inútil. Sou o oceano, as estrelas do mar, os tubarões: inúteis. Sou toda a natureza e toda a não-natureza: inútil. Sou as estrelas em rota de explosão brincando no carrossel ao redor de buracos negros: inúteis. Sou: existo: inútil.
Não me chame de estrangeira: a existência não me parece absurda. É desnecessária e só.
Nunca estive tão alegre.
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